O CRACK DO
OIAPOQUE AO CHUÍ
*Archimedes
Marques
Disseminada por todo o país a mais avassaladora das drogas,
o crack, já causa problemas no
sistema de saúde de 64% das cidades brasileiras, conforme atesta a Confederação
Nacional de Municípios. O crack
invadiu grandes e pequenas cidades, periferias e lugares de baixa a alta classe
social, municípios, povoados, zona rural e já chegou até às aldeias indígenas
transformando os seus tristes usuários em espécie de zumbis ou mortos-vivos.
De poder devastador e parecendo sobrenatural, o crack sempre vicia a pessoa quando do
seu primeiro experimento e o que vem depois é tragédia certa. Crack e desgraça são indissociáveis e
quase palavras sinônimas. O crack é a
verdadeira degradação humana.
A fórmula oficial do crack
divulgada pelos Estados Unidos da América é bem menos agressiva do que a
falsificada no nosso país, ou seja, tal produto é formado por meio de uma
mistura da pasta base da folha da coca ou cloridrato de cocaína com bicarbonato
de sódio, entretanto no Brasil, fornecedores e traficantes para obterem maiores
lucros financeiros recriaram o mal para pior. São adicionados para recompor a
fórmula maligna e cruel do crack a
cal virgem, a amônia, o ácido sulfúrico ou soda caustica que é para deixar a
pedra meio tenra e o querosene ou gasolina para dar a combustão ao preparado
químico final. O crack é fumado
através do cachimbo, latinha ou outra parafernália parecida. Assim, a fumaça
altamente tóxica do crack que mais se
assemelha a cheiro de pneu queimado ao ser aspirada por si só já demonstra o
extremo malefício que causa ao organismo do seu usuário.
Segundo estudos realizados recentemente o Brasil que já
beira os três milhões de usuários consome até uma tonelada de crack por dia, trazendo conseqüências
drásticas, não somente para o viciado e seus familiares, mas também para a
sociedade em geral, vez que em decorrência dessa mortal droga todos os índices
de delinqüência aumentaram estupidamente, com destaque para a prostituição, os
pequenos e grandes furtos, roubos e até latrocínios, pois pelo crack e para o crack se matam e se morrem.
A expansão do crack
reclama principalmente ações urgentes em duas frentes, a do abastecimento e a
do consumo, vez que a educativa ou preventiva vem sendo razoavelmente aplicada.
Ambas têm indicadores alarmantes. O Brasil, que já se consolidou na triste
posição de rota preferencial do tráfico internacional de cocaína, parece
caminhar para também ocupar um lugar de ponta no mercado mundial dessa terrível
droga.
Como o Brasil sempre está nas primeiras colocações dos
absurdos somos o segundo no mundo no ranking
dos maiores consumidores dessa droga, perdendo apenas para os Estados Unidos da
América que consome o crack não
falsificado. Com o consumo interno aquecido e as rotas que asseguram o
movimento de exportação e importação do crack
e das outras drogas, o momento é deveras preocupante, tanto é que a ONU já
demonstra inquestionável sinal de que a situação pode descambar para o
descontrole.
No lado do provimento do mercado, deve-se recorrer a ações
integradas das três instâncias do poder público, com ênfase na repressão aos
grupos de traficantes e à rede criminosa que garante a circulação da droga.
Leis mais rígidas urgem por modificações para penalidades exemplares a tais
criminosos, além da formação de um maior efetivo policial em todas as camadas
possíveis, principalmente no âmbito federal não só para combater mais
veementemente o tráfico, mas principalmente no sentido de melhor vigiar as
nossas fronteiras para que não entre o produto base dessa droga, ou seja, a
cocaína.
Já no outro lado do problema, o das consequências, as ações
envolvem questões mais complexas, principalmente no âmbito curativo a ser
dispensado aos usuários que continua precário. Em primeiro plano necessário se
faz a contratação estatal de uma boa gama de psicólogos ou profissionais
equivalentes para conscientizar o debilitado usuário do crack ao real tratamento médico. No segundo plano vem a questão dos
Hospitais ou Clínicas de recuperação que em números proporcionais à imensa
legião dos zumbis do crack, estão
muito aquém da triste e deprimente realidade apresentada, principalmente para
aqueles usuários que dependem do poder público.
*Archimedes
Marques, Escritor e Delegado de Polícia no Estado de Sergipe. (Pós-Graduado em
Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe). Visite o site www.infonet.com.br/archimedes e os blogs do
Dr. Archimedes: www.folhadodelegado.jex.com.br
e www.cangacoemfoco.jex.com.br
Contato com este blog:
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