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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

CRÔNICA DE HOJE

A vida pede movimento  

Drª. Meira Souza*

No início de minha estrada pela clínica de dor, eu não imaginava que encontraria um número tão grande de pacientes com a recomendação de se tornarem sedentários.

Sei que esta frase inicial pode soar um pouco dramática, no entanto, me lembro como se fosse ontem: uma mulher por volta de seus 50 anos entrou em meu consultório com o diagnóstico de fibromialgia. Para tratar este problema, ela recebeu como recomendação não realizar nenhuma atividade física, chegando ao ponto de eventualmente ser carregada por seu marido e filhos pela casa.

E após três anos de seguir esta recomendação religiosamente, esta paciente procurou meu consultório, ainda com dor e também com osteoporose e uma calcificação da fáscia do músculo vasto medial, o que causava uma dor intensa e diferente das iniciais que a tinham motivado o diagnóstico de fibromialgia.

Ao apresentar o novo a família toda se espantou, como era possível? Após todos esses anos de dedicação ao tratamento o único retorno foi um quadro de piora?

Por mais que este seja um caso extremo, vocês se impressionariam com o número de pessoas que recebem a mesma “prescrição”.

É comum em pacientes que sofrem com dores que na base exista uma musculatura muito desqualificada, frágil demais, muito contraída ou cheia de nódulos fibróticos e algumas vezes, até inflamada, mesmo que o diagnóstico recebido seja hérnia de disco, osteoartrose ou osteoporose.

Em uma abordagem sistêmica vamos encontrar músculos colaborando com este processo e para resolver efetivamente a dor precisamos qualifica-lo e, definitivamente, não existe nenhuma fórmula que conserte músculos que não envolva movimento.

Frequentemente escuto de meus pacientes que eles não conseguem se exercitar, independentemente da idade, esta frase é dita por idosos e adolescentes, claro que em proporções diferentes.

No entanto, nosso corpo pede movimento, o exercício físico melhora a oxigenação muscular, libera endorfinas, melhora a força, a coordenação, o equilíbrio, promove a redução do e pasmem, melhora a autoestima.

É muito bacana e emocionante receber uma paciente de 80 ou mais anos comprometida com uma reabilitação, chegando na clínica cada vez mais erguida, cada vez, mais feliz com suas conquistas físicas, tal qual uma criança indo para suas primeiras aulas de natação.

Não espere para se exercitar e se comprometer com uma vida saudável no momento em que saúde já não fizer mais parte da integridade da sua vida.

É uma fala antiga, mas é verdade: prevenir é melhor do que remediar.

Exercitar-se e evitar um problema é muito mais simples do que resolver este problema, além de evitar muita dor.

Estas conquistas, não se esqueçam, são muito mais duradouras do que os efeitos de qualquer remédio e também são um sinal de liberdade.

*Responsável pela clínica de dor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia. É autora dos livros: “Obesidade: vire essa página da sua vida com qualidade de vida”, “O Reino encantando dos alimentos”, “Viva bem com a coluna que tem”. É também palestrante sobre os temas que atua. É responsável pela coluna Construindo saúde na TV BH News, no programa Revista BH News, que explora temas ligados à saúde apresentando dicas e fatos cotidianos que possam ajudar na construção da saúde dos telespectadores. Esta crônica foi publicada no jornal “O Tempo”.  O próximo livro da autora "Emagre-Ser" está sendo editado pela editora Autêntica.

Contato com este blog: conslocsaudepompeia@gmail.com.

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