CALENDÁRIO

quinta-feira, 31 de outubro de 2019


LEMBRETE

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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Nota da Abrasco sobre o vazamento de petróleo no Nordeste: é necessário declarar Estado de Emergência em Saúde Pública.



Diante da contaminação de petróleo que atinge o litoral do Brasil desde agosto, e que já alcançou todos os estados da região Nordeste, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) vem a público endossar o posicionamento dos pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da Universidade Federal da Bahia, que recomenda às autoridades a declaração de Estado de Emergência em Saúde Pública.



PELA DECLARAÇÃO DE ESTADO DE EMERGÊNCIA EM SAÚDE PÚBLICA PARA CONTROLE DOS RISCOS DECORRENTES DA MAIOR TRAGÉDIA DE CONTAMINAÇÃO PELO PETRÓLEO NA COSTA DO BRASIL


A situação de Emergência Ambiental nos estados do Nordeste é essencial para o controle do desastre/crime identificado em 30 de agosto de 2019, que resultou no grande derramamento de petróleo que atinge o litoral da região Nordeste do país. Entretanto, há necessidade de intervenção complementar do Setor Saúde e, para isso, se propõe que seja declarado Estado de Emergência em Saúde Pública pelas seguintes características:
1 – O óleo bruto ou petróleo é uma substância líquida oleaginosa formada por uma mistura complexa de hidrocarbonetos que agrupa principalmente Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, conhecidos como HPA’s ou PAHs. Os riscos toxicológicos envolvidos são graves, agudos e crônicos, com atenção especial para frações tóxicas do petróleo que podem levar à morte por intoxicação, especialmente associada aos compostos aromáticos. Entre os componentes mais tóxicos estão o benzeno, tolueno e xileno. O benzeno é uma substância química cancerígena, pode causar má formação fetal e patologias graves e potencialmente fatais como câncer e aplasia de medula. A gravidade da exposição se verifica pela possibilidade de absorção desses produtos por ingestão, absorção pela pele íntegra, inalação que pode atingir sistemas nervoso, hematopoiético/imunológico, respiratório, causar lesões na pele, alterações hepáticas, hormonais, infertilidade, dentre outros. Portanto, equipamentos de proteção individual devem ser utilizados nas situações emergenciais, com qualidade e orientação e não eliminam ou controlam situações de exposição crônica. Deve ser considerada ainda a exposição potencial às gestantes pescadoras/marisqueiras e voluntárias nas atividades de limpeza das praias com presença de petróleo, considerando que há risco de má formação fetal provocado por derivados do petróleo, principalmente o benzeno.
2- As manchas de óleo bruto colocam em risco à saúde de 144 mil pescadores artesanais do Nordeste do país, segundo o IBAMA. Pescadores e pescadoras trabalham em jornadas que podem alcançar noventa horas por semana, na extração e beneficiamento dos mariscos e pescados. Diante da situação de vulnerabilidade econômica, eles não dispõem de equipamentos de proteção individual, acesso aos serviços de saúde para realizar exames periódicos quando há exposição crônica aos agentes químicos, além da dificuldade de obtenção de informações e orientações fidedignas. Nessa população, é frequente a presença de crianças, adolescentes e gestantes nas atividades em manguezais e praias, cujas condições de vida agravam possíveis efeitos toxicológicos. Trata-se, portanto, de perigo potencial de natureza ocupacional em número expressivo de trabalhadores submetidos a longas jornadas de trabalho, com acesso negligenciado à proteção à saúde ocupacional e ambiental, cuja situação de descaso persiste e se agrava nestas condições atuais da ocorrência do desastre de derramamento de petróleo.
3 - Milhões de pessoas frequentam praias, consomem pescados e mariscos e, até a presente data, não há uma ação efetiva do Sistema de Vigilância em Saúde para garantir Segurança Alimentar e Nutricional a esta população. Também deve-se evitar a produção de notícias falsas – fake news - que têm agravado mais ainda o estado de desinformação da população. Por decorrência, tanto a segurança à saúde como a alimentar não estão sendo objetos de ação eficaz da estrutura sanitária nos níveis Federal, Estaduais e Municipais de saúde, resultando em consequências desastrosas, a exemplo de notícias veiculadas que indicam a suspensão generalizada do consumo de mariscos e pescados em todo Nordeste.
 4 – O apelo generalizado ao voluntarismo - mobilizando milhares de pessoas desprotegidas para retirada das manchas de óleo, muitas vezes manualmente e sem orientações e equipamentos necessários - reflete a falta de recursos financeiros e humanos, associados à fragilidade organizacional das ações de saúde. São homens, mulheres, muitas gestantes e crianças tomados pela sensibilidade do malefício desse crime ecológico, ao atuarem desordenadamente na limpeza da praia podem se contaminar e agravar o risco de adoecimento.
5 – A indisponibilidade de recursos financeiros suficientes para ações emergenciais das equipes de saúde, em todos os níveis governamentais, resulta em improvisos e práticas insuficientes para responder a dimensão do evento sanitário. Somam-se a inércia de vários órgãos da saúde, a ação insuficiente de outros e a ausência de protocolos e planos de contingenciamento que podem magnificar os efeitos dos produtos tóxicos envolvidos.
6 – A falta de participação das lideranças de pescadores artesanais nos comandos oficiais de atuação na emergência ambiental exclui sujeitos decisivos para avaliação e controle eficaz da situação. A riqueza cultural fenomenal dos saberes tradicionais dessa categoria de pescadores presentes em todas as áreas atingidas do litoral do país pode contribuir com as ações de controle dos riscos, do suporte às medidas de saúde e de proteção ao ambiente degradado.
Diante dos riscos potenciais para número expressivo de populações vulneráveis potencialmente expostas, da insuficiência das ações, da desorientação sanitária e demais consequências, pode-se considerar que existe uma situação de calamidade que requer uma intervenção imediata, ampla, coordenada e com suporte legal do Setor Saúde.
Desse modo, propõe-se que seja DECLARADO ESTADO DE EMERGÊNCIA EM SAÚDE PÚBLICA com base na PORTARIA N. 2.952 DE 14/12/2011 do Ministério da Saúde. Esta Portaria “regulamenta, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o Decreto nº 7.616, de 17 de novembro de 2011, que dispõe sobre a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) e institui a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) e deve ser aplicada em situação que demande o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública, particularmente na alínea “b”:
 “Situação de desastre: evento que configure situação de emergência ou estado de calamidade pública reconhecido pelo Poder Executivo federal nos termos da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010, e que implique atuação direta na área de saúde pública”.
 Essa situação de EMERGÊNCIA EM SAÚDE PÚBLICA para o controle dos riscos e efeitos à saúde decorrentes da contaminação pelo petróleo no litoral do Nordeste poderá assegurar, dentre outras medidas: - Organização imediata das ações em saúde no âmbito Federal – Ministério da Saúde – Estaduais e Municipais para mobilizar a Vigilância em Saúde e respectivamente a Vigilância Sanitária, Vigilância em Saúde Ambiental; Vigilância em Saúde do Trabalhador; A mobilização organizada e planejada dos Centros de Referências em Saúde do Trabalhador – CEREST e Equipes de Unidades de Saúde da Família que atuem em regiões litorâneas para, ao menos:
1 – Adotar medidas urgentes no âmbito da saúde dos pescadores e marisqueiras para mapear todas as praias e manguezais com presença do petróleo que coloca em risco a atividade ocupacional de mariscagem e pesca artesanal;
2 - Interditar as atividades de mariscagem em todas as praias e manguezais com presença de petróleo/óleo que apresentem risco para a saúde dos pescadores/marisqueiros, assegurando o defeso sanitário para todas as famílias envolvidas e orientar o afastamento imediato de mulheres pescadoras/marisqueiras gestantes das áreas mapeadas e com presença de petróleo.
3 – Organizar processos de controle sanitário e de segurança alimentar e nutricional que especifique o risco real de consumo de mariscos e pescados para população apenas em áreas ou situações atingidas pelo desastre e proteja o consumo seguro, evitando pânico e condutas sem fundamentos técnicos.
4 – Acionar o mais rápido possível as instituições públicas, Universidades Públicas, Centros de Pesquisas, de forma integrada, considerando o caráter intersetorial inscrito na complexidade das ações exigidas.
5 - Estabelecer seguro defeso de natureza sanitária para todos pescadores/marisqueiros atingidos.
6 – Organizar medidas de Monitoramento do Risco Ambiental e da Assistência à Saúde para a proteção da Saúde dos Trabalhadores na Pesca Artesanal – Marisqueiras, considerando que existe a necessidade de mapear e monitorar o risco ambiental para exposição ao petróleo, hidrocarbonetos aromáticos e seus derivados, e liberar áreas de mariscagem atingidas somente após garantia da inexistência dos riscos, pois há muitos componentes solúveis no petróleo que permanecem nas águas e mariscos depois da retirada do óleo.
Importante afirmar que deve ser feito todo esforço para atuação da Atenção Básica à Saúde no sentido da avaliação de saúde nas marisqueiras e pescadoras nas Unidades de Saúde da Família por meio de exames toxicológicos e clínicos/periódicos, nas situações em que houver exposição ocupacional aos componentes do petróleo.
Finalmente, é necessário assegurar a participação de organizações representativas dos pescadores e pescadoras artesanais em todas essas ações para garantir a efetividade das mesmas.

                                                                                                   Salvador, 23/10/2019.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE, AMBIENTE DE TRABALHO  -PPGSAT/FMB/UFBA.


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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

DICA DE SAÚDE


GASTRITE




A gastrite é uma inflamação do revestimento interno do estômago. Pode ser aguda, quando aparece de repente e dura pouco, ou crônica, quando se instala aos poucos e leva muito tempo para ser controlada.


Causas:


- uso prolongado de medicamentos como aspirina ou anti-inflamatórios;
- consumo de álcool;
- hábito de fumar;
- infecção pela bactéria Helicobacter pylori;
- gastrite autoimune – ocorre quando o sistema imune produz anticorpos que agridem e destroem as células gástricas do próprio organismo.

Sintomas:

- dor de estômago intensa;
- azia;
- indigestão;
- sensação de estufamento;
- perda de apetite;
- náusea e vômito;
- presença de sangue nas fezes e no vômito.

Diagnóstico:

Baseia-se no exame físico e na análise da história clínica do paciente. O médico poderá solicitar exames, como: raios-X, endoscopia e biópsia.

Tratamento:

O tratamento da gastrite tem de levar em conta a sua causa e, além dos medicamentos prescritos pelo médico, é possível contornar o problema mudando a alimentação e melhorando o estilo de vida.

Prevenção:

- respeite os horários das refeições. Separar algum tempo para café da manhã, almoço e jantar tranquilos não é luxo, é necessidade;
- prefira fazer pequenas refeições ao longo do dia a fazer uma grande refeição depois de muitas horas em jejum;
- mastigue bem os alimentos, pois a digestão começa na boca;
- dê preferência a frutas menos ácidas, verduras e carnes magras. Evite:
- tomar analgésicos;
- café;
- chá mate;
- chocolate;
- refrigerantes;
- sal em excesso;
- enlatados;
- embutidos;
- bebidas alcoólicas;
- pimenta-do-reino;
- leite e derivados;
- frituras;
- gorduras em excesso.
Procure um médico e siga suas recomendações se tiver azia, má digestão e sensação de estômago cheio depois de ingerir pequenas porções de alimentos.

IMPORTANTE: Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis em Dicas em Saúde possuem apenas caráter educativo.


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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

SAÚDE MENTAL NÃO DEVE SER TABU – HÁ ESTIGMAS E POUCA COMPREENSÃO DA SOCIEDADE



Marcelo Ribeiro*


A doença mental continua a ser encarada pela maioria das pessoas com receio e desconfiança – para elas, o doente mental carece de estabilidade, podendo, inclusive, se tornar alguém perigoso.  O peso desse preconceito dentro da maioria das sociedades ocidentais – que valorizam a individualidade e sua capacidade cognitiva de tomar decisões de modo racional, informado e estável – é enorme.

Pouco se considera, no entanto, que a doença mental possui atualmente, propostas de tratamento de altíssima efetividade – medicamentoso, psicoterápico e reabilitativo.  A penúltima cena do filme “Uma mente brilhante” (A beautiful mind, Ron Howard, 2001), quando o professor John Nash (1928-2015) conversa no salão de chá da Universidade de Princeton com um emissário do Prêmio Nobel – interessado em saber se a manifestação de sua doença poderia comprometer a cerimônia real de entrega do prêmio –,  deixa claro essa nova perspectiva: apesar de gravemente esquizofrênico, ao longo do seu processo de tratamento – graças ao apoio da esposa e dos amigos, dos medicamentos e demais abordagens psicossociais não retratadas no filme – ele conseguiu entender o “seu apetite por padrões” e as coisas que via como processos autônomos da sua doença, e, num dado instante, conseguiu escolher não dar mais atenção a eles.  Voltar a fazer escolhas relacionadas ao transtorno mental: eis a chave para a retomada da autonomia no que tange às limitações originárias dos sintomas dessas doenças.
Além disso, nem sempre os processos patológicos da doença dominam o funcionamento psíquico como um todo, ou seja, em muitos casos é plenamente possível conviver com as limitações da doença mental, com baixíssimo impacto sobre o funcionamento individual – especialmente quando essas são tratadas adequadamente; lembre-se: voltar a fazer escolhas, apesar da existência de processos autônomos da doença, eis o marcador de sucesso.
Nesse sentido, o Professor Nash, após décadas de isolamento, em decorrência de um quadro psicótico extremamente grave, experimentou o despertar de uma numa consciência – pelos medicamentos, pelas terapias – que o colocou novamente em contato com o mundo estudantil – pelo qual, felizmente, foi muito bem acolhido.  Diferentemente das outras vezes, porém, ao invés de enxergar a doença como um “momento de revelação”, o professor procurou encarar o patrimônio psíquico e psicossocial que conquistara – e reconquistara – a partir de sua melhora, como a verdadeira expressão da verdade.
O restante não passava da expressão autônoma de sua doença, a qual, ao impedi-lo de agir com alteridade e de entender a lógica do outro, condenava-o a viver angustiadamente enclausurado em seu mundo infalível e perfeito. Como consequência de sua melhora clínica, assumiu a responsabilidade de conviver com os processos autônomos de sua doença pelo resto de sua vida – sem negá-los, sem se lamentar por possuí-los e, mais ainda, longe de ceder aos seus apelos sedutores e patológicos, travestidos de “expressões do âmago do meu ser”, “gritos de liberdade” ou “rompantes de genialidade” – tudo isso passou a ter apenas um único nome: delírio. O verdadeiro pacto de liberdade do professor Nash enfim se deu, coroado, brilhantemente – com o perdão do trocadilho redundante –, com a diplomação do professor pela rainha da Suécia em pessoa.
Para a maioria dos dependentes de substâncias psicoativas, a expressão de sua doença não chega a desestruturar todo o seu aparato psíquico.  Pelo contrário, muitas vezes o usuário está aparentemente tão preservado que boa parte do seu entorno tem dificuldade em detectar alguma patologia no seu funcionamento.  Além disso, pessoas do seu círculo mais íntimo quase sempre reconhecem – e gostam de afirmar com razão – que o usuário de substâncias psicoativas também tem um lado bom e saudável: “Ele sempre foi um menino tão inteligente, doutor, sensível”, “nossa, tirando as drogas, o João é uma graça de pessoa, companheirão!”, “você precisa ver esse cara pintando, nem parece a mesma pessoa”, “ele tem um coração de ouro, tamanha a sua generosidade”.
Talvez seja esse um dos componentes mais graves da dependência:  sua capacidade de criar mecanismos secretos e obscuros de funcionamento paralelo, providos de mimetismo, os quais por vezes tomam a função consciente de assalto, realizam seus desejos mais fissurados e impulsivos, para em seguida desaparecerem novamente sob uma névoa do arrependimento e de “mentiras-sinceras” acerca de um futuro melhor.
No entanto, a partir do instante em que o comportamento disfuncional é reconhecido pelo paciente, sua reação inicial é, muito frequentemente, de decepção consigo mesmo, de desesperança com relação o futuro – “tenho tanto a conquistar, perdi muito tempo e talvez não seja tão bom quanto pensava”, ou “não tenho o mesmo gás de antes”.  O usuário em início de tratamento muitas vezes se sente miserable.  O seu “lado bom e saudável” é esquecido.
Essa visão fatalista se equipara ao drama do fazendeiro que possuía uma bela propriedade, dotada de terras férteis, a partir das quais cultivou belos campos de cereais, plantou pastagens verdejantes de tão saborosas, nas quais criou espécimes bovinos e ovinos.  Aos poucos, construiu uma bela sede, tinha uma família, vivia tranquilo.  Acontece que a zona de pastagem da referida propriedade fazia fronteira com um pequeno pântano, aparentemente sem atrativos, além de ser habitado por crocodilos enormes e felinos famintos, além de roedores intrusos, que atacavam suas criações e invadiam seus silos.
Tendo em vista o fácil acesso ao mundo de riquezas do fazendeiro, os predadores da lama começaram a se proliferar, se transformando em verdadeiras pragas, muitas vezes se aproximando perigosamente, inclusive de membros de sua família.
Injustiçado: era assim como se sentia – além de possuir um problema aparentemente fora de controle, que o vitimava a todo o instante, não tinha mais energia para drenar aquele pântano, para afastar definitivamente as pragas e feras que ali viviam.  Sua realidade era tremendamente difícil: proprietário de uma extensão pantanosa, a qual nunca se prestaria à construção de estruturas sólidas de uma fazenda regular, tais como moradias de colonos, barracões e paióis.  Nunca colheria dali um único grão de cereal sequer.
Paulatinamente, o camponês começou a sentir que suas energias de desbravador o abandonavam – parecia fadado ao marasmo dos vitimizados.  Resignação e revolta se alternavam em sua alma cada vez mais desprovida de paz.
Foi quando entendeu que a “viabilidade” não consistia em eliminar o pântano, mas sim encará-lo de modo realista, incorporando-o dentro do possível, sem deixar de se precaver contra as suas vicissitudes.  Desenvolveu, então, aos poucos, mecanismos para vedar melhor os seus silostransferiu suas pastagens para uma terra mais elevada e distante da região pantaneirapensou um sistema de vigilância contra onças e suçuaranasintroduziu controles de pragas, ao mesmo tempo em que desenvolveu tecnologias capazes de interligar o pântano ao restante da propriedade – construiu uma ponte e aterrou um pequeno estreito, que permitiram um escoamento mais rápido e seguro do gado, além da passagem de veículos.  Por meio de diques, evitou as cheias com maior poder de destruição, direcionando aquelas águas para um reservatório destinado a criação de tilápias.  Com palafitas, estruturou uma usina para a extração de turfa, uma matriz energética capaz de servir tanto como adubo, quanto como combustível sólido para alimentar a caldeira destinada ao aquecimento da água de sua residência.  Por fim, sentindo o retorno econômico de sua empreitada bem-sucedida, construiu um belíssimo pesqueiro, lindamente pergolado, o qual se transformou no ponto de encontro de sua família e dos amigos daquela região.
Há uma romantização excessiva e proposital, com toques pollyânicos, nessa metáfora do psiquismo adoecido, com o intuito de apontar que se o transtorno mental não pode ser visto como uma “fonte de riqueza perdida”, à espera de exploração e prosperidade ou “um diamante bruto” pronto para ser lapidado, também não deve ser considerado a nascente de todos os males na vida de alguém.  Há maneiras de lidar com ele, partindo de sua própria natureza, enfrentando o que é possível enfrentar por intermédio da farmacoterapia e da psicoterapia, assimilando limites, aprendendo com os fracassos e superações, potencializando o “lado saudável” que nos habita.
Ninguém até hoje tentou reverter um infartouma lesão de menisco ou uma queimadura – da mesma maneira, não há notícia de programas de tratamentos que se proponham a “curar” a hipertensão ou o diabetes, a ponto do “ex-doente” voltar a se refestelar de carne seca ou de leite-condensado ao bel-prazer de sua vontade.  Do contrário, na vigência da lesão ou da alteração fisiológica disfuncional – e sim, a doença mental é um desses casos –, a solução é se adaptar, cuidando para estancar o processo fisiopatológico em curso, ao mesmo tempo em que se evoca da porção saudável do organismo o melhor que ele tem a oferecer.  Todo esse trabalho, no final, sempre acaba se transformando em um grande e maravilhoso patrimônio psíquico, motivo de orgulho tanto para o seu proprietário, quanto para aqueles que passam a ter o prazer e o privilégio de desfrutar deste convívio pautado pelo possível.


*Marcelo Ribeiro, psiquiatra, membro do Programa de Pós-graduação do Departamento de Psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), docente do Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), diretor do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod) da Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo, presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas de São Paulo (Coned).




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terça-feira, 22 de outubro de 2019

NOTA DE INTERESSE DA COMUNIDADE


SEGUNDA EDIÇÃO DA CICLOEXPEDIÇÃO EM 2019



Cicloexpedição Córrego Navio/Baleia



Venha conosco desbravar os rios invisíveis.

A segunda edição da Cicloexpedição em 2019 - “De volta ao Paraíso rumo à Esplanada”- acontecerá no sábado (26), na rota do Córrego Navio/Baleia, na zona leste de Belo Horizonte.

Concentração às 8h, na Rua Salvador Pinto, 85, Bairro Paraíso.  


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AINDA SOBRE O SERVIÇO DE CASTRAÇÃO DE CÃES E GATOS


Conforme noticiamos neste blog, o Centro de Castração de Animais da Região Leste continua atendendo na Rua Antônio Olinto, n.º 969.




É importante lembrar que os tutores dos animais têm a responsabilidade de comparecer na data e horários agendados e que devem avisar com antecedência de 48 horas caso não possam comparecer ao serviço. Assim, será possível inserir outros interessados em agendamento de espera.


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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Praticar exercícios diminui a tensão, revigora a energia e a mente. É como se o cérebro se renovasse. Os benefícios em se manter ativo são inúmeros.


 DEZ MINUTOS DE EXERCÍCIO POR DIA O DEIXARÃO MAIS FELIZ – DESCUBRA O QUE A CIÊNCIA DIZ SOBRE ISSO


Todo mundo conhece os benefícios do esporte e da atividade física. No entanto, o que descobrimos para completar essa ideia é que, com muito pouco, podemos obter muito;
Com pouco tempo de exercícios, o nosso corpo é capaz de liberar hormônios que estão associados ao bem-estar. Dessa forma, produzem uma sensação maravilhosa capaz de gerar alegria e felicidade;
O estudo em questão foi desenvolvido pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Um grupo de cientistas mergulhou na exploração da relação entre as emoções positivas e o exercício físico; especialmente focado em pessoas saudáveis a nível psicológico;
Até agora, sabíamos que pessoas fisicamente ativas desenvolviam uma grande capacidade de reduzir o risco de sofrer de ansiedade e depressão. Agora, com este novo trabalho, foi demonstrado um impacto positivo e saudável do exercício moderado no dia a dia;
Ou seja, você não precisa demorar horas na academia ou fazer uma longa caminhada todos os dias em um ritmo acelerado. No entanto, isso não significa que seja algo negativo; significa que com muito menos você poderá obter um ótimo resultado a nível emocional;
Ajuda a se concentrar na atividade, o que afasta o ruído mental e os pensamentos negativos;
Envolve também a liberação de hormônios, principalmente serotonina, dopamina e endorfina. Esses três neurotransmissores trazem calma, uma sensação de prazer e um estado de euforia, respectivamente, e têm um efeito imediato.
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sexta-feira, 18 de outubro de 2019

INFORME



REUNIÃO ORDINÁRIA NA ÚLTIMA QUARTA-FEIRA*



Todos os itens da pauta da reunião foram discutidos, merecendo ainda destaque:

- A presença da Professora Clarice, da Faculdade de Ciências Médicas de BH, acompanhada de alunos do terceiro período da disciplina “Práticas de Saúde Coletiva”.

O grupo está desenvolvendo um projeto de extensão do movimento “Outubro Rosa” no Centro de Saúde Pompeia. Ficou estabelecido que serão realizadas rodas de conversa com usuárias daquela unidade a partir do dia 23 de outubro, às quartas-feiras à tarde, quando serão abordados temas de interesse da mulher, como relacionamentos abusivos, higiene pessoal, maus tratos etc.

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- O veterinário Rodrigo Carvalho de Souza prestou esclarecimentos sobre a castração de animais (cães e gatos) na nossa região, a saber:

O Centro de Castração de Animais da Região Leste  funciona na Rua Antônio Olinto, n.º 969, telefone 3277-9052, Bairro Esplanada.  

O procedimento cirúrgico deve ser previamente agendado.  São realizadas 40 castrações diárias, sendo um turno para cada espécie (cães ou gatos). É necessário que o animal tenha tomado banho e que esteja em jejum.

* Relato prestado gentilmente por Mércia Inês Pereira Nascimento, primeira secretária da Comissão Local de Saúde do Centro de Saúde Pompeia.



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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

VOCÊ SABIA?


A INFORMAÇÃO FALSA DE QUE A VACINA TRÍPLICE CAUSA AUTISMO CONSTOU DE UMA PESQUISA MAL-FEITA, E SEU AUTOR PAGOU CARO POR ISSO.



Em 1998, Andrew Jeremy Wakefield, um ex-cirurgião, publicou um artigo na revista The Lancet, no qual estabelecia uma falsa relação entre a vacina tríplice e o autismo.

Como diversas pesquisas não confirmaram a tese, as autoridades inglesas cassaram seu diploma. e Wakefield foi, praticamente, defenestrado da comunidade científica.

É quase certo que o sarampo tenha ressurgido no Reino Unido devido ao receio dos pais em vacinarem seus filhos.

O sarampo foi uma das primeiras doenças evitáveis ​​por vacina a reaparecer porque é muito contagiosa. Não são necessárias muitas pessoas não vacinadas para causar um surto. A chamada “imunidade de rebanho” é de 93 a 95%. Se os níveis de vacinação caírem abaixo desse limite, uma pessoa infectada pode causar um surto.

No final do último mês de agosto foram registrados mais de 1.200 casos de sarampo nos Estados Unidos. As autoridades norte-americanas devem endurecer no tocante à cobertura vacinal nas escolas, contrariando resistências injustificáveis contra a vacinação, resistências essas de origem religiosa e filosófica.



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    Por questão de foro íntimo, estamos encerrando nesta data as atividades deste blog .