Somos aquilo que construímos
Drª. Meira Souza*
Não é novidade o quanto é difícil mudar de hábitos,
ficamos, meses, anos e até mesmo a vida inteira enterrados em um tipo de
comportamento, não é simples pensar que em três dias uma nova rotina será
criada.
Certa vez, consultei uma mãe e filha que, apesar de
terem intolerância à lactose, baseavam sua alimentação fortemente em
laticínios.
Os sintomas de intolerância à lactose são clássicos,
até hoje, nenhum dos pacientes que senti necessidade de pedir o exame voltaram
negativados.
No entanto, muitas vezes entro em discordância com o
paciente, que está acostumado com sintomas clássicos da intolerância, mas
despreparado para lidar com outras faces do problema.
Dores abdominais, flatulências e diarreias ao consumir
leite são sintomas tão óbvios que não precisam ser profundamente pesquisados.
Infelizmente, não são sempre estas as manifestações
da intolerância à lactose, fortes dores de cabeça, inflamações do aparelho
respiratório, rinites, bronquites, sinusites, quadros semelhantes a asma,
alterações de pele e acne também são manifestações deste problema.
Diante destas outras facetas da intolerância, mesmo
diante do exame positivo, é comum que o paciente tenha dificuldades em
compreender que terá benefícios reais em sua saúde com a retirada do leite de
sua dieta.
Foi o que ocorreu com essa mãe que desejava manter o
uso de leite para as duas e fazer o uso da enzima lactase. Eu disse que essa
não era a minha conduta.
Conclui explicando que a intolerância à lactose, não
é uma alteração isolada, e que normalmente traduz um quadro de disbiose
intestinal e que além da retirada do leite era importante organizar dieta para
tratar este intestino vulnerável.
Ainda assim, a ideia de retirar o leite era algo
muito incomodo para ela e então ela me levou várias literaturas sobre a enzima
lactase e queria me convencer que a solução para elas era o uso da lactase.
Eu disse que se ela entendia que essa era a solução
que ela deveria fazer o que ela considerava melhor, mas que ela não teria a
minha aprovação.
Embora existam diversos comprimidos de lactase no
mercado, realmente não vejo que os ingerir seja a melhor opção, visto que é
muito complexo fazer a dosagem entre a quantidade necessária de lactase a ser
tomada por leite consumido, e tendo excesso, tanto de lactase como de lactose o
intestino sofrerá.
Mesmo as propostas de leite no lac, sofrem com este
problema. Em casos como este, eu indico que o paciente opte por um leite
vegetal que mais agradá-lo.
Mudar hábitos é desafiador, mas muito mais
recompensador para a sua saúde e te dará benefícios como: melhor disposição,
humor, qualidade do sono, na melhora de quadros dolorosos e muito
frequentemente, também em quadros de candidíase muito comum no universo
feminino, mas também presente nos homens.
A solução de nossos problemas e a origem deles,
parte da rotina que nós nos permitimos ter.
Vamos fazer diferente?
*Responsável pela clínica de dor
do Instituto de Ortopedia e Traumatologia. É autora dos livros: “Obesidade:
vire essa página da sua vida com qualidade de vida”, “O Reino encantando dos
alimentos”, “Viva bem com a coluna que tem”. É também palestrante sobre os
temas que atua. É responsável pela coluna Construindo saúde na TV BH News, no
programa Revista BH News, que explora temas ligados à saúde apresentando dicas
e fatos cotidianos que possam ajudar na construção da saúde dos
telespectadores. Esta crônica foi publicada no jornal “O Tempo”. O
próximo livro da autora "Emagre-Ser" está sendo editado pela editora
Autêntica.
Contato com este blog: conslocsaudepompeia@gmail.com.
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