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quinta-feira, 12 de março de 2020

EPIDEMIA INVISÍVEL


Qual o papel do SUS no combate à violência contra as mulheres?





A cada quatro minutos, tempo suficiente apenas para escutar uma música, ler um e-mail ou tomar um café,  uma mulher brasileira é agredida. Dados do Ministério da Saúde indicaram que, em 2018, mais de 145 mil vítimas (do sexo feminino) sobreviveram a agressões físicas, sexuais e psicológicas, causadas por homens. Soma-se a este quadro as informações sobre feminicídio. O Atlas da Violência 2019 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) analisou cerca de 618 mil homicídios, ocorridos entre 2007 e 2017, e sinalizou que 39,2% das mulheres assassinadas neste período morreram em suas próprias residências, o que indica violência doméstica.

As estatísticas corroboram com a ideia de alguns pesquisadores de que a violência contra as mulheres é uma “epidemia invisível”, que fere e mata milhares no Brasil e no mundo. O termo foi utilizado no estudo The health-systems response to violence against women (A resposta dos sistemas de saúde à violência contra as mulheres, em tradução livre) , publicado no The Lancet, em 2015.

Ana Flavia Lucas d’Oliveira, pesquisadora da Faculdade de Medicina da USP e coautora do estudo, explicou que a violência contra as mulheres só passou a ser reconhecida pela sociedade recentemente, embora aconteça desde sempre: “Foram nos anos 1960 e 1970 que o movimento feminista começou a denunciar, mas como alvo de políticas públicas é um fenômeno relativamente novo, ainda que sua altíssima prevalência e consequências para a saúde já seja um consenso na comunidade científica. Em tempos conservadores como os que vivemos, sua origem nas desigualdades de gênero acaba sendo muitas vezes apagada ou invisibilizada”.

Sistemas de saúde integral significam mais que

 assistência imediata

Se o senso comum transforma o fenômeno em um problema privado (quem nunca ouviu o ditado popular “em briga de marido e mulher não se mete a colher”?), as instâncias públicas precisam jogar luz sobre a vida – e a morte – dessas mulheres. Neste sentido, os sistemas de saúde devem funcionar como uma ferramenta no combate à violência. No Brasil, a função do Sistema Único de Saúde (SUS) deve ir além do cuidado imediato aos danos físicos e emocionais, segundo Ana Flávia: “Os serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) são uma porta de entrada no sistema e mantém contato com praticamente a totalidade da população feminina ao longo da vida. Podem reconhecer o problema, acolher a vítima e referir para a rede especializada de justiça, assistência social, segurança pública, trabalho e moradia, a fim de garantir os direitos das mulheres”.


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