Transcrevemos
abaixo manifestação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO:
Proposta para planos de saúde inclui
reajuste para idoso e multa menor para empresas em caso de infração.
A Câmara dos Deputados deu ontem o primeiro passo para mudar a
legislação que rege os planos de saúde. O relator do projeto, deputado Rogério
Marinho - PSDB-RN, apresentou, em comissão especial que trata do assunto, o
relatório da proposta, que reúne itens de 150 projetos diferentes relacionados
a planos de saúde e que tramitavam no Congresso.
O relatório prevê o fim da proibição do reajuste de
mensalidade após os 60 anos e permite que o reajuste seja feito, passada essa
faixa etária, em cinco parcelas quinquenais. O texto também prevê reduzir o
valor de multas pagas pelas operadoras em caso de negativa de atendimento.
Os abrasquianos Ligia Bahia e Mario Scheffer, membros da
Comissão de Política, Planejamento e Gestão em Saúde da Abrasco, fazem o
alerta: “A lei tem como finalidade justamente impedir que uma conduta seja
posta em prática. A proposta dá recado oposto: recusem que a multa não será
muito alta. O relatório como um todo é um grande retrocesso e a possibilidade
de aumento por faixa etária para idosos talvez seja o maior absurdo. Essa é uma
lei com as digitais das operadoras. Esse relatório é, do começo ao fim, a pauta
das operadoras de saúde, que sempre quiseram reverter o Estatuto do Idoso e a
proibição de reajuste da mensalidade após o após os 60 anos, quando as pessoas
gastam mais com medicamentos e com saúde. A política de reajuste hoje é
abusiva, mas não pela questão de idade. O que tem que mudar é o critério de
reajuste, que não é transparente. Os planos reajustam muito acima da
inflação", explica Scheffer.
Para Ligia Bahia, o texto dá margem à regionalização da
cobertura, ou seja, a oferta de serviço diferente de acordo com a estrutura
disponível no local. Na prática, regiões com menor infraestrutura não seriam
obrigadas a oferecer todos os serviços obrigatórios hoje.
— A redação deixa uma porta aberta aberta para a regionalização
da cobertura, o que representa perda significativa para o consumidor — avalia.
Em agosto, a Abrasco e o Idec enviaram uma carta aos membros
da comissão especial pedindo o adiamento da votação e acesso prévio ao conteúdo
do relatório, o que não aconteceu.
Em setembro, informamos à sociedade e às entidades que atuam
na defesa da saúde e do consumidor sobre a gravidade dos retrocessos nas
mudanças pretendidas para a Lei de Planos de Saúde.
Com a crise política, moral e de credibilidade que assola o Congresso
Nacional, este não é o momento de votação de uma nova lei, sem o devido debate
democrático, com impacto negativo no SUS e ameaça à saúde de mais de 48 milhões
de brasileiros conveniados a planos de saúde.
Estão em jogo o futuro do sistema de saúde no Brasil, nossa
saúde e nossas vidas!
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