CALENDÁRIO

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A MULHER CONTEMPORÂNEA


Ser mulher, gestar e parir: sentidos em transição e desafios para o setor saúde

A incorporação ao mercado formal de trabalho e a contracepção, agendas intensificadas a partir da segunda metade do século XX, criaram as condições para que as mulheres pudessem ter projetos próprios e se desgarrassem da tutela masculina. Redução da dependência do casamento ou da família de origem, decisão sobre o número desejado de filhos e o melhor momento para tê-los mudaram opções sobre maternidade, gravidez e parto. Entretanto, tudo isso não vem ocorrendo de forma linear. Hierarquias sociais produzidas pela intercessão entre classe e raça/etnia influenciam fortemente o acesso aos bens. Nesse sentido, os avanços obtidos pela redução da pobreza no Brasil e no mundo não foram suficientes para garantir a qualidade igualitária da atenção à gestação e ao parto.

Embora profundas desigualdades continuem presentes, um novo discurso em relação à maternidade tornou-se hegemônico. Não mais vige a ideia de uma contingência biológica ou de um su­posto instinto. Tornar-se mãe passou a ser escolha para a quase totalidade das mulheres e muitas práticas relativas à parturição e ao aleitamento emergiram como projeto pessoal e coletivo.

Os artigos apresentados nesta edição, de diferentes formas tratam das repercussões das mudanças no modo de encarar a maternidade e o papel social da mulher. Os autores falam principalmente sobre direitos sexuais e reprodutivos que devem ser observados na atenção básica e em todo o conjunto de cuidados que os servidores da saúde devem oferecer ao ato de gestar e parir.

Os textos sobre os modelos de parto, por exemplo, homenageiam a participação do setor saúde no processo de mudanças, embora alguns artigos apontem também problemas em relação à qualidade do atendimento e aos frequentes preconceitos contra parturientes e gestantes não brancas, inclusive na Rede Cegonha. Tais discriminações refletem como ideologias de gênero e racismo, atravessam a sociedade e penetram no trabalho em saúde, num momento tão crucial para a geração da vida. Alguns autores analisam outros aspectos como problemas relativos ao climatério, à menopausa, à obesidade e à situação das mulheres encarceradas.

Em seu editorial "Ser mulher, gestar e parir: sentidos em transição e desafios para o setor saúde" (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232018001103478&lng=pt&nrm=iso&tlng=ptWilza Vieira Villela, do Departamento de Medicina Preventiva, Universidade Federal de São Paulo, ressalta que, apesar das transformações evidentes, a sociedade ainda não valoriza a maternidade como um trabalho social feminino em favor de todos, o que urge ser feito, ao lado do reconhecimento das mulheres como agentes de sua própria vida.  


Contato com este blog: conslocsaudepompeia@gmail.com.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

    Por questão de foro íntimo, estamos encerrando nesta data as atividades deste blog .