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sexta-feira, 27 de maio de 2022

CRÔNICA DE HOJE DA DRª MEIRA

 Dor e tristeza

Não é raro que um paciente que frequente uma clínica de dor tenha incluído em seu receituário um antidepressivo. A presença dessa classe de medicamentos no receituário causa reações diversas nos pacientes.

É importante saber que um medicamento que faça uma recaptação da serotonina e dopamina, como é o caso de alguns antidepressivos, reduz a sensibilidade à dor, aumentando seu limiar. Mesmo mantendo as causas das dores, sua percepção será menor. Muitas vezes, sem compreender isso, os pacientes se revoltam crendo que o médico está dando o diagnóstico de “dor psicológica” como se seu sofrimento não fosse real, quando, em verdade, estamos longe de querer afirmar isso.

O uso de um antidepressivo para dor não trata nada, mas tem um potencial de aliviar tudo. Quando não se sabe o que está doendo, trabalha-se inibindo as vias de transmissão.

O processamento central da dor vai ocorrer em cinco vias ascendentes principais: tratos espinotalâmico, espinorreticular, espinomesencefálico, cervicotalâmico e espino-hipotalâmico.

Ou seja, é preciso que o estímulo doloroso chegue até o cérebro para que haja dor. E é também no cérebro que decodificamos alegria e tristeza.

O estado de humor interfere diretamente na dor, mesmo em uma situação muito grave, em um momento de maior felicidade, o portador da dor se sentirá melhor.

Existe um embasamento científico que justifica por que voluntários como os Doutores do Riso, que visitam hospitais levando alegria às pessoas doentes, tornam a vida destas pessoas mais leve e até ajudam na recuperação.

A alegria não melhora somente a dor, melhora também a imunidade. O dilema sobre a dor ser ou não psicológica é muito antigo e, embora muitas vezes faça com que a pessoa que se queixa de dor e não tenha uma lesão como um braço quebrado ou um tumor se sinta descredenciada ao receber um antidepressivo como prescrição, isso não aconteceria se a pessoa que sofre com dores soubesse que emoção e dor passeiam pelos mesmos caminhos e que algumas substâncias liberadas ou não pelo nosso corpo podem fazer essa dor ser percebida com intensidades diferentes.

Na clínica de dor, usamos uma escala visual analógica (EVA) pela qual classificamos a dor de 0 a 10, sendo 0 a ausência de dor e 10 a pior dor imaginada.

Curiosamente com o mesmo tipo de lesão, pessoas diferentes definem intensidades diferentes na escala de dor. Assim como a mesma pessoa, sofrendo o mesmo estímulo doloroso, porém em condições emocionais diversas, também apresentará níveis diferentes na escala de dor EVA.

Reduzir o estresse e trazer alegria alivia ou, pelo menos, minimiza um quadro doloroso.

Mente e corpo formam uma idade inseparável e, embora não seja prudente somente aliviar, e não tratar, às vezes é preciso uma pausa na dor para poder investir em sua causa e realmente resolvê-la.

    Dra. Meira Souza.

 Contato com este blogconslocsaudepompeia@gmail.com.

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