Dor e tristeza
Não é raro que um paciente que frequente uma clínica de dor tenha incluído em seu receituário um antidepressivo. A presença dessa classe de medicamentos no receituário causa reações diversas nos pacientes.
É importante
saber que um medicamento que faça uma recaptação da serotonina e dopamina, como
é o caso de alguns antidepressivos, reduz a sensibilidade à dor, aumentando seu
limiar. Mesmo mantendo as causas das dores, sua percepção será menor. Muitas
vezes, sem compreender isso, os pacientes se revoltam crendo que o médico está
dando o diagnóstico de “dor psicológica” como se seu sofrimento não fosse real,
quando, em verdade, estamos longe de querer afirmar isso.
O uso de um
antidepressivo para dor não trata nada, mas tem um potencial de aliviar tudo.
Quando não se sabe o que está doendo, trabalha-se inibindo as vias de
transmissão.
O
processamento central da dor vai ocorrer em cinco vias ascendentes principais:
tratos espinotalâmico, espinorreticular, espinomesencefálico, cervicotalâmico e
espino-hipotalâmico.
Ou seja, é
preciso que o estímulo doloroso chegue até o cérebro para que haja dor. E é
também no cérebro que decodificamos alegria e tristeza.
O estado de
humor interfere diretamente na dor, mesmo em uma situação muito grave, em um
momento de maior felicidade, o portador da dor se sentirá melhor.
Existe um
embasamento científico que justifica por que voluntários como os Doutores do
Riso, que visitam hospitais levando alegria às pessoas doentes, tornam a vida
destas pessoas mais leve e até ajudam na recuperação.
A alegria
não melhora somente a dor, melhora também a imunidade. O dilema sobre a dor ser
ou não psicológica é muito antigo e, embora muitas vezes faça com que a pessoa
que se queixa de dor e não tenha uma lesão como um braço quebrado ou um tumor
se sinta descredenciada ao receber um antidepressivo como prescrição, isso não
aconteceria se a pessoa que sofre com dores soubesse que emoção e dor passeiam
pelos mesmos caminhos e que algumas substâncias liberadas ou não pelo nosso
corpo podem fazer essa dor ser percebida com intensidades diferentes.
Na clínica
de dor, usamos uma escala visual analógica (EVA) pela qual classificamos a dor
de 0 a 10, sendo 0 a ausência de dor e 10 a pior dor imaginada.
Curiosamente
com o mesmo tipo de lesão, pessoas diferentes definem intensidades diferentes
na escala de dor. Assim como a mesma pessoa, sofrendo o mesmo estímulo
doloroso, porém em condições emocionais diversas, também apresentará níveis
diferentes na escala de dor EVA.
Reduzir o
estresse e trazer alegria alivia ou, pelo menos, minimiza um quadro doloroso.
Mente e
corpo formam uma idade inseparável e, embora não seja prudente somente aliviar,
e não tratar, às vezes é preciso uma pausa na dor para poder investir em sua
causa e realmente resolvê-la.
Contato com este blog: conslocsaudepompeia@gmail.com.
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